Empresas brasileiras investem na tecnologia para impulsionar a inovação e o crescimento estratégico, aponta estudos
A Inteligência Artificial (IA) tem se destacado como um recurso estratégico no ambiente corporativo. Segundo o estudo “Transformando o futuro: adoção de Inteligência Artificial nas empresas brasileiras”, realizado pelo Instituto de Formação em Tecnologia e Liderança (IFTL), 15% das organizações já integram a IA em processos estratégico e 12% a adotam como diferencial competitivo.
A pesquisa também revela que 41% das empresas no Brasil estão em fase inicial de uso da IA, enquanto 32% estão avaliando como utilizá-la, sendo os setores de tecnologia, educação, serviços financeiros e consultoria a liderar os investimentos
De ferramentas de automação a sistemas que aprendem e se adaptam ao cenário da empresa, a IA pode ajudar na otimização de operações, realização de análises mais complexas, redução de custos e identificação de oportunidades de crescimento
No setor de tecnologia, pode auxiliar na sustentação de sistemas, utilizando análise preditiva para monitorar padrões de uso, prever falhas e planejar manutenções preventivas. Dessa forma, é possível ter maior confiabilidade, reduzir interrupções inesperadas e garantir uma infraestrutura de TI mais segura e eficiente.
A IA também já impacta diretamente áreas como marketing digital, vendas, atendimento ao cliente e logística. Segundo um levantamento da HostGator Brasil, 54,8% das empresas entrevistadas utilizam a tecnologia em atividades relacionadas à geração de conteúdo e personalização de experiências. Já os chatbots e assistentes virtuais estão presentes em 33% das organizações, enquanto 27,6% usam a tecnologia para automação de interações e personalização de ofertas.
A pesquisa da HostGator mostra, ainda, que a confiança na ferramenta é alta: 91,6% dos pequenos e médios empresários confiam no potencial da implementação de IA para melhorar a eficiência de seus negócios, e 68,3% acreditam que ela tem o poder de influenciar no crescimento e na competitividade.
Pesquisadores da FGV EASP, em estudo publicado na Information Systems Frontiers, afirmam que a IA também tem a capacidade de apoiar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como o ODS 12 (consumo e produção responsáveis) e o ODS 9 (indústria, infraestrutura e inovação), impulsionando um desenvolvimento sustentável por meio de uma cultura orientada por dados.
As conclusões sugerem que as empresas podem alcançar um desempenho elevado ao utilizar diferentes combinações de recursos de IA. No entanto, não é necessário adotar todos os recursos possíveis, mas, sim, implementar uma estratégia que faça uma combinação eficiente destes, conforme aponta a FGV.
Com a expansão do mercado de IA, o estudo também projeta que ele atinja US$ 309,6 bilhões até 2026, em contraste com US$ 58,3 bilhões em 2021.
Pesquisas revelam desafios na adoção de IA
Embora as vantagens da IA sejam reconhecidas, sua implementação nas empresas ainda enfrenta desafios. O estudo da HostGator revela que o custo elevado é o principal obstáculo, citado por 41,5% dos empresários, seguido pela falta de conhecimento sobre a tecnologia (38,7%) e a escassez de profissionais qualificados (7,5%).
Concomitantemente, o levantamento da IFTL demonstra que a adoção da tecnologia é marcada por inseguranças entre os funcionários, sendo a falta de conhecimento técnico (31%), as preocupações relacionadas à segurança de dados (18%), as restrições orçamentárias (17%) e a resistência cultural (12%) as principais preocupações.
Outro estudo, realizado pela Ipsos, constatou que 50% dos brasileiros acreditam que a tecnologia pode ocupar suas funções nos próximos anos, enquanto 67% preveem mudanças em suas profissões no mesmo período.
Para o gerente de projetos da CodeBit, Marcos Coelho, a integração da IA nas relações de trabalho deve ser encarada de maneira estratégica, com foco em equilibrar a eficiência tecnológica com o fortalecimento do papel humano em tarefas criativas, de liderança e empatia.
Coelho acredita que a tecnologia não precisa ser vista como uma ameaça, mas como uma parceira que potencializa capacidades. Para isso, ele acredita que as empresas devem fazer uma transição ética, transparente e responsável. “É essencial implementar práticas de documentação clara sobre como as decisões são tomadas, quais dados estão sendo utilizados e como estão protegidos”, acrescenta.
Para os pesquisadores da FGV EASP, a adoção bem-sucedida da IA também depende de três tipos de recursos: tangíveis (infraestrutura tecnológica), intangíveis (habilidades dos funcionários) e humanos (cultura orientada a dados), que devem ser selecionados e implementados de maneira estratégica.